NÃO AO "CARPE DIEM"!

Imagino que muitos saibam o que significa esta expressão latina. Foi popularizada, no século passado, com o filme "O clube dos poetas mortos", protagonizado, entre outros, pelo brilhante comediante e ator Robbin Williams (que teve o altruísmo e a capacidade de conseguir alegrar milhões de pessoas em todo o mundo, exepto a ele próprio).

"Carpe Diem" dizia ele para os seus alunos. "Aproveitem o dia", pois não sabemos se o dia de amanhã virá. "Vivam ao máximo o dia de hoje". 

Talvez poucas pessoas conheçam de onde vem esta expressão, por isso, vamos um pouco mais fundo...vamos?

Os registos apontam que esta frase é extraída de Odes I, 11.8, de Horácio. As Odes são 103 poemas reunidos em quatro livros e que foram dedicadas ao protetor do poeta, Mecenas. 

É na ode 11 (8 versos) do livro I, que o poeta se dirige a Leucônoe (a menina "dos pensamentos ingênuos"), enquanto ela se ocupa de cálculos astrológicos ("os números babilônicos") para saber se eles viverão muito tempo. O conselho dado pelo poeta é não se preocupar se viverão muito ou pouco mas beber e aproveitar o presente, pois o futuro é incerto : carpe diem.

Muito se poderia relatar da história desta expressão, mas fica o essencial.

Neste artigo, eu poderia enaltecer a importância de "Carpe Diem" nos dias de hoje, mas não o vou fazer. São já muitos os autores e livros que estão repletos do: "Vive o agora", "Aproveita o dia", "Vive o presente" e blá blá blá. 

NÃO! Este artigo não lhe vai dizer mais do mesmo. O que eu quero é mostrar-lhe o outro lado do "Carpe Diem".

Estes últimos anos, tenho conhecido e tenho tido o privilégio de poder ajudar muitas pessoas que têm vivido sob esta lema de aproveita o dia e esquece o amanhã.

São toxicodependentes e adictos, seja em fármacos legais, drogas ilegais, tabaco, alcool, jogo... enfim, há muitas maneiras de "viver o agora" e não pensar no amanhã. Não pensar se o amanhã virá e por isso fazer o que se pode fazer hoje. Para isso, procuram prazeres superficiais e momentaneos para se sentirem bem no momento, comprometendo o bem estar longo e duradouro.

Não me leve a mal (eu avisei que iria escrever acerca do outro lado do Carpe Diem), mas a verdade é que "viver o agora", literalmente, pode comportar sérios problemas para a saúde, para a família, para a vida de uma pessoa. 

A vida é de cada pessoa e qualquer um pode estragá-la como bem entender, eu não tenho que ver com isso. No entanto, não fico indiferente com a falta de visão que um ser humano tem do amanhã, apenas porque só quer estar focado no hoje. Isto pode tornar-se um grande problema. 

Carpe Diem destes todos os dias e tornamo-nos pessoas que não acrescentam nada ao outro, que não constroem nada, que vivem somente para o seu umbigo.

É por isso que eu digo NÃO AO CARPE DIEM, mas digo sim à vida!

Tenho dito.

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