HÁ DIAS DE AZAR…

Se está vivo e é um ser humano, certamente já lhe aconteceu um daqueles dias em que, desde o momento que acorda, parece que tudo corre mal. Aqueles dias em que as "desgraças não vêm só" e o pensamento que mais predomina é "Que mais é que me vai acontecer hoje?"

Atrasamo-nos. Tropeçamos. Não encontramos as chaves. Temos um furo no pneu. Está muito trânsito. Os semáforos estão todos vermelhos. Há alguma queixa quando chegamos ao emprego… e por aí adiante.

Destes dias quase toda a gente já teve. São dias em que dizemos aos outros que mais valia não ter saído de casa e aguardamos ansiosamente que o dia termine.

O que acontece aqui tem que ver com um padrão e o nosso foco, que é o mesmo que dizer, para onde apontamos a nossa atenção. Está mais que estudado que o nosso cérebro é um exímio mecanismo de aprendizagem e aquilo que ele mais aprende é a identificar padrões e a executá-los automaticamente.

Ora, quando o nosso dia começa com uma série de aparente pequenos azares, o nosso cérebro capta um padrão e desvia o nosso foco para que notemos o mesmo padrão ao longo do dia, ou até haver uma quebra desse padrão.

Quer isto dizer, que não precisamos de ficar à mercê que chegue rapidamente à noite para começarmos um novo dia no dia seguinte. Não! É possível quebrar o padrão a qualquer momento do dia e fornecer ao nosso cérebro um novo padrão em que ele se pode focar.

Deixe-me dar-lhe um exemplo:

Quando estou numa reunião de trabalho e o ambiente começa a ficar tenso devido a um tema que foi introduzido e gerou uma discussão onde não se vislumbra o fim, o meu pensamento está em como é que eu vou quebrar este padrão e desviar o foco para outro tema mais produtivo e importante. Quebrar o padrão torna-se então o meu desafio e quanto mais inoportuno e inusitado for, mais eficaz se vai tornar. Por norma, aquilo que eu faço é pegar num objeto pesado e atirá-lo ao chão, de forma a que faça muito barulho. Depois, quando já estiver um silêncio de surpresa e todos os olhos estiverem postos em mim, é aqui que lanço uma piada dizendo algo como:

Caramba! Desculpem o barulho, mas teria sido pior se fosse um peido!

Depois de soltar umas gargalhadas, é o momento de desviar o foco para outro tema.

Já agora... como é que estamos quanto ao assunto, blá blá blá...

Está feito. E quem diz uma reunião de trabalho, isto pode ser aplicado noutras situações.

Este tipo de quebra de padrão já acontece connosco naqueles dias de suposto azar, quando algo externo acontece que é positivo e veio de surpresa. Neste momento, até dizemos coisas como: "Ai que boa surpresa… estava a ter um daqueles dias para esquecer e isto veio mesmo a calhar."

A partir deste momento o padrão, em princípio, foi quebrado e o nosso cérebro começa a focar-se num novo padrão.

Mas não temos que esperar que algo externo aconteça para quebrar o padrão. Podemos fazê-lo quando bem entendermos.

Pense neste princípio quando estiver num destes dias:

Quebrar o padrão e mudar o foco.

O mesmo que acontece nestes dias azarentos, há muitas pessoas que o fazem com as suas vidas. Quando o início da vida é turbulento e "azarento", parece que irá ser sempre assim até ao fim da vida. Como se a vida fosse um interminável dia azarento. Sempre que dizemos ou pensamos coisas como: "Isto está sempre a acontecer-me..." - É um padrão estabelecido.

Mas, de facto, é o mesmo princípio: o cérebro está sempre à procura do mesmo padrão. E foca-se em executar o mesmo padrão a vida toda, a não ser que se quebre o padrão e se faça o cérebro aprender outro padrão em que se pode focar.

Simples? Claro que sim. Nem sempre fácil, mas muito simples. Desde que se identifique qual é o padrão, pode ser mudado.

Mais importante é saber que o dia que começou mal, tal como uma vida, não tem que acabar mal. Quebre o padrão e mude o foco.

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